27 de maio de 2010

Dar-se ao respeito e respeitar


Por Marcos Amaral

Isto é um ensinamento que sempre acreditei. O respeito é a base para toda e qualquer relação seja ela mestre-aluno, homem-mulher, amigos, sócio e etc. É natural que a pessoa que possui um coração machucado se revele contra homens de bem que realizam um bom trabalho. Penso que um coração confuso logo se esclarece!

De uma forma geral, o mundo está confuso.

Quando se fala de “respeito”, o termo possui o significado de conceder ao “outro” um grau de reverência desejado para si próprio e/ou para sua escala de valores. Inclui ainda a percepção do universo do “outro”, observar seu perfil sem nele interferir sem permissão, muito menos causar-lhe dano.

“Dar-se ao respeito”, expressão muito utilizada quando se pretende dizer que o indivíduo cumpriu ou não as regras de merecimento de tal condição, numa versão passiva, subentendendo que respeito seria uma condição adquirida pela postura social do indivíduo, por sua localização e ou desempenho no tecido social, ou por sua actuação em determinado episódio.

A vida é um eterno treinamento e deve ser vista desta forma.

As condições de bem-estar e os projetos de felicidade são variados, e, estão diretamente ligados ao respeito. Para alguns, por exemplo, o verdadeiro bem-estar nunca será usufruído na terra, mas sim em algures, após a morte. Tais pessoas legitimam determinadas regras de conduta, inspiradas por certas religiões, como as de origem cristã, porque, justamente, correspondem a um projeto de felicidade: ficar ao lado de Deus para a eternidade. Aqui na terra, podem até aceitar viver distantes dos prazeres materiais, pois seu bem-estar psicológico está em se preparar para uma "vida" melhor, após a morte física do corpo. Outros, pelo contrário, pensam que a felicidade deve acontecer durante a vida terrena, e conseqüentemente não aceitam a ideia de que devam privar-se. E assim por diante. Verifica-se, portanto, que as formas de desejabilidade, derivadas de seus conteúdos, são variadas. No entanto, há um desejo que parece valer para todos e estar presente nos diversos projetos de felicidade: o auto-respeito.

A idéia básica é bastante simples. Cada pessoa tem consciência da própria existência, tem consciência de si. Tal consciência traduz-se, entre outras coisas, por uma imagem de si, ou melhor, imagens de si — no plural, uma vez que cada um tem várias facetas e não se resume a uma só dimensão. Ora, as imagens que cada um tem de si estão intimamente associadas a valores. Raramente são meras constatações neutras do que se é ou não se é. Na grande maioria das vezes, as imagens são vistas como positivas ou negativas. Vale dizer que é inevitável cada um pensar em si mesmo como um valor. E, evidentemente, cada um procura ter imagens boas de si, ou seja, ver-se como valor positivo. Em uma palavra, cada um procura se respeitar como pessoa que merece apreciação. É por essa razão que o auto-respeito, por ser um bem essencial, está presente nos projetos de bem-estar psicológico, nos projetos de felicidade, como parte integrante. Ninguém se sente feliz se não merecer mínima admiração, mínimo respeito aos próprios olhos.

O êxito na busca e construção do auto-respeito é fenômeno complexo. Quatro aspectos complementares são essenciais.

O primeiro diz respeito ao êxito dos projetos de vida que cada pessoa determina para si. O segundo aspecto refere-se à esfera moral. Cada um tem inclinação a legitimar os valores e normas morais que permitam, justamente, o êxito dos projetos de vida e o decorrente auto-respeito. O terceiro aspecto refere-se ao papel do juízo alheio na imagem que cada um tem de si. Todavia, há uma dimensão moral nesses juízos: é o reconhecimento do valor de qualquer pessoa humana, que não pode ser humilhada, violentada, espoliada, etc. Portanto, o respeito próprio depende também do fato de ser respeitado pelos outros.

Em resumo, serão legitimadas as regras morais que garantirem que cada um desenvolva o respeito próprio, e este está vinculado a ser respeitado pelos outros.

O quarto e último aspecto refere-se à realização dos projetos de vida de forma puramente egoísta. A valorização do sucesso profissional, coroado com gordos benefícios financeiros, o status social elevado, a beleza física, a atenção da mídia, etc., são valores puramente individuais, em geral relacionados à glória que, para uma minoria, podem ser concretizados pela obtenção de privilégios, como conhecer as pessoas certas que fornecem emprego ou acesso a instituições importantes, pela manipulação de outras pessoas (por exemplo, mentir e trapacear para passar na frente dos outros), e pela completa indiferença pelos outros membros da sociedade.

Em resumo, a dimensão afetiva da legitimação dos valores e regras morais passa, de um lado, por identificá-los como coerentes com a realização de diversos projetos de vida e, de outro, pela absorção desses valores e regras como valor pessoal que se procura resguardar para permanecer respeitando a si próprio. Assim, o auto-respeito articula, no âmago de cada um, a busca da realização dos projetos de vida pessoais e o respeito pelas regras coerentes com tal realização.

Na busca de maior clareza desta exposição, podem ser estabelecidas desde já duas decorrências centrais para a educação moral. São elas:

A escola deve ser um lugar onde cada aluno encontre a possibilidade de se instrumentalizar para a realização de seus projetos; por isso, a qualidade do ensino é condição necessária à formação moral de seus alunos. Se não promove um ensino de boa qualidade, a escola condena seus alunos a sérias dificuldades futuras na vida e, decorrentemente, a que vejam seus projetos de vida frustrados.

Ao lado do trabalho de ensino, o convívio dentro da escola deve ser organizado de maneira que os conceitos de justiça, respeito e solidariedade sejam vivificados e compreendidos pelos alunos como aliados à perspectiva de uma "vida boa". Dessa forma, não somente os alunos perceberão que esses valores e as regras decorrentes são coerentes com seus projetos de felicidade como serão integrados às suas personalidades: se respeitarão pelo facto de respeitá-los.

1 comentário:

BibaRita disse...

Opinião - é a idéia confusa acerca da realidade e que se opõe ao conhecimento verdadeiro. Assim, as análises baseadas em opiniões são bem distintas das idéias baseadas na observação metódica dos fatos.

Crítica Social - analisa estruturas sociais (problemáticas, sob seu ponto de vista) e visa soluções práticas através de medidas específicas, reforma radical ou mesmo mudança revolucionária. Segundo o filósofo Olavo de Carvalho, "toda crítica social que pretenda ter algum fundamento só pode ser baseada na premissa de que haja na consciência do homem uma dimensão que transcende de algum modo a sociedade presente e na qual ele possa instalar-se em pensamento para julgar essa sociedade desde fora ou desde cima."

Condenar - declarar (algo ou alguém) censurável ou não conforme às regras, aos costumes, aos valores coletivos.

In Wikipédia

Estes são os significados do dicionário das palavras usadas nos comentários do post abaixo colocado, a partir daqui existe o "livre arbitrio" e não a anarquia de ideais!

PS: o que já começa a haver com esta ultima lei aprovada que sou totalmente contra.